Jhuli Takahara, diretora de Business Development da Mandic Cloud Solutions

Trabalho remoto, consumo on-line, telemedicina e reuniões virtuais: todos esses modelos passaram a fazer parte do nosso dia-a-dia de maneira constante nos últimos meses, acelerados pelo isolamento social. Uma das responsáveis para que essa evolução digital do mercado funcionasse efetivamente — a ponto de transformar comportamentos e infraestruturas — foi a tecnologia de computação em nuvem, que vem passando por um processo contínuo de ascensão. Segundo previsões da consultoria Gartner, a expectativa é que o mercado global de serviços gerenciados em nuvem atinja US$ 80 bilhões até 2024.

Um dos grandes diferenciais desse modelo de operação para as companhias é a flexibilidade de ter um ambiente de dados adaptável a diferentes desafios de negócios. A elasticidade da nuvem, como é comumente conhecida, permite o redimensionamento de recursos (tanto de processamento quanto armazenamento) de acordo com a demanda existente. Porém, mesmo com vantagens, há uma certa resistência na adoção desse recurso por conta de dúvidas e avaliações equivocadas em relação a custos.

Na verdade, para que os decisores compreendam os benefícios econômicos da migração para a nuvem, é preciso avaliar o total cost ownership (no português, custo total de propriedade, ou TCO), uma estimativa financeira projeta avaliar custos diretos e indiretos relacionados à compra de um investimento importante, como software ou hardware, além do gasto inerente para manter tais soluções em funcionamento. Essa métrica requer uma avaliação holística do quanto se gasta com o projeto, levando em conta tempo de planejamento, gastos com manutenção, ferramentas, e recursos humanos.

A partir dessa investigação, é possível tomar a decisão de migrar as operações para uma Nuvem Pública, por exemplo, levando em conta as etapas necessária para obter os ganhos desejados. No início, o projeto pode parecer mais custoso, mas em médio e longo prazos a estratégia se torna rentável, devido a desobrigação de investimento anual em despesas de capital (Capex) e por conta do alto desempenho das máquinas na nuvem. Para que haja uma otimização real de custos, é preciso contar com um parceiro de negócios especializado para modernizar ou rearquitetar o ambiente a partir de uma análise dos fluxos de dados, pois existem diversos tipos de infraestrutura na nuvem, adequados para cada tipo de carga de trabalho.

No geral, avalia-se que a redução de custos com infraestrutura após a migração para a nuvem pode variar de 40% a 75%. A primeira economia é observada com o controle físico do data center e com gastos em segurança física e energia. Também existe um grande aumento de eficiência indireta, pois algumas atividades serão reduzidas e otimizadas, como planejamento de investimentos, monitoração e controle de acesso. Além disso, a redução do time-to-market é um dos maiores ganhos da empresa, pois o time pode atuar focado apenas no core dos negócios, agilizando ciclos de produção e aumentando as vendas.

A partir da migração, para que administração do ambiente seja bem sucedida, é preciso ter em mente que os recursos na nuvem não são infinitos. Normalmente, a cobrança dos serviços está relacionada ao uso, e varia de acordo com uma das seguintes métricas: tempo, volume, transação, tipo do serviço ou tráfego. Assim, é preciso avaliar qual modelo de contratação é mais vantajoso, analisando programas de incentivo e de redução de custos oferecidos pelas clouds públicas, como reservas, saving plans e acordos de comprometimento.

A eficiência financeira também depende da arquitetura desenhada para aumentar ou diminuir a carga hospedada. Em um modelo serverless, por exemplo, a escalabilidade da nuvem é melhor, pois a decisão de ajustes é tomada de acordo com a necessidade: redução do ambiente quando há baixa da demanda e aumento quando necessário.

Além disso, acompanhar a evolução dos serviços disponíveis ajuda a formatar a melhor estratégia de negócios para cada aplicação. Como parâmetro, a AWS lança mais de mil novos serviços ao ano para apoiar a evolução digital das companhias.

Por fim, o principal fator para a otimização dos custos em nuvem é a mudança de cultura do time gestor, que deve ser acompanhada durante toda a jornada de Transformação Digital para que análise dos benefícios seja fiel à otimização gerada. Trata-se de um processo contínuo a ser monitorado para que as melhores práticas de mercado sejam aplicadas não apenas em relação à tecnologia, mas principalmente no que diz respeito aos processos adotados. O cildo de construir, medir e aprender com os resultados (positivos e negativos) garante uma boa governança e faz com que os gastos desnecessários sejam eliminados.

Disponível em: https://www.datacenterdynamics.com/br/opini%C3%B5es/otimiza%C3%A7%C3%A3o-de-custos-na-nuvem-por-onde-come%C3%A7ar/