Moisés Cunha*
A partir de novembro grandes bancos e fintechs passarão a oferecer aos clientes a oportunidade de ter acesso ao PIX e ao universo disruptivo da digitalização bancária. Com o grande volume de informações e dados transacionados todos os dias, o open banking dá seus primeiros passos no Brasil com a proposta de ser uma plataforma organizada e eficiente para a operacionalização dos serviços bancários, e também abre caminho para que as instituições tradicionais possam competir equiparadas à inovação da experiência do cliente (UX) oferecida pelos bancos digitais.
Esse movimento de abertura financeira evidencia como a transformação digital caminha a passos largos no setor. De acordo com a Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2020, os canais digitais foram responsáveis por 63% das transações em 2019; já o mobile banking, sozinho, representou 44% das operações realizadas em todo o País no período. Nos últimos meses, com a aceleração da digitalização por causa da pandemia, o perfil do consumidor mudou ainda mais e, por isso, as agências precisam se adaptar para atender às novas demandas.
O princípio do open banking é garantir que o usuário seja dono dos próprios dados, permitindo que organize suas informações financeiras em diferentes plataformas com uma chave de acesso única. Os clientes podem fazer escolhas sobre quais dados desejam compartilhar e com quem, para integrar o meio de pagamento a um aplicativo de compras, por exemplo. Esse avanço na soberania do consumidor significa que a livre concorrência determinará o sucesso das ofertas que agregarem mais valor ao relacionamento e à experiência do cliente.
Do ponto de vista das instituições financeiras, o open banking oferece flexibilidade e poder de escolha nas estratégias de go-to-market. Ou seja, os bancos podem buscar novos modelos de negócios baseados em APIs, como banking as a service, para atuar em novos mercados, com redução de custos e alinhamento de receitas. Em essência, o modelo direciona os negócios a uma plataforma agregadora, que combina serviços e recursos para aprimorar a UX sem que o banco precise desprender de altos investimentos para gerar novas ofertas – uma consideração muito importante no momento em que reduzir custos é a bola da vez.
Nesse contexto, desafios, como administrar e gerir diferentes APIs em questões relacionadas à segurança, controle de acesso e billing, farão parte do dia a dia nas instituições financeiras. Assim, aquelas que desejarem aproveitar a oportunidade de evoluir suas ofertas com o open banking deverão adotar soluções baseadas em nuvem como estratégia de negócios, pois, à medida que as operações de banco aberto se desenvolverem, a tecnologia de nuvem passará de útil a essencial.
O motivo dessa alegação se baseia no fato de que o open banking está intimamente ligado à capacidade de processar grandes volumes de dados em tempo real, pois, para oferecer uma experiência de cliente personalizada, é preciso gerar insights por meio da análise e cruzamento de informações de fontes distintas. Ou seja, os bancos precisam estar preparados para gerenciar um volume exponencial de dados não estruturados, que podem variar ao longo do tempo, e só uma solução em nuvem oferece a elasticidade necessária para acomodar essas possíveis flutuações.
Além disso, a nuvem também facilita o processamento de dados em alta velocidade, necessário para alinhar os serviços à dinâmica das operações no mundo real. A tecnologia também oferece acesso de baixo custo a um ambiente de teste operacional, para que os desenvolvedores possam inovar na criação de ofertas. Por fim, vale ressaltar que a nuvem ainda combina os mais altos padrões de segurança, para que as transações ocorram de acordo com todas as normas prevalecentes de proteção de dados.
No contexto atual, em que os bancos buscam aumentar sua agilidade no lançamento de novos serviços, o open banking oferece uma oportunidade de criar ofertas por meio dos princípios da tecnologia ágil. A nuvem se destaca como plataforma, pois aumenta a eficiência do processamento e mantém as instituições preparadas para se adaptar às possíveis mudanças tecnológicas de maneira automática, sem a necessidade de novas atualizações. Hoje, com uma gama crescente de players no mercado financeiro, abraçar o desenvolvimento do open banking é acelerar a construção do banco do futuro.
*Moisés Cunha é diretor de Negócios para Large Accounts na Mandic Cloud Solutions
Disponível em: https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/open-banking-o-papel-da-nuvem-na-construcao-do-banco-do-futuro/
Outros portais:
TI Inside: https://tiinside.com.br/17/11/2020/open-banking-o-papel-da-nuvem-na-construcao-do-banco-do-futuro/
TecFlow: https://www.tecflow.com.br/wordpress/2020/11/18/open-banking-o-papel-da-nuvem-no-banco-do-futuro/