Por Luiz Resende*
Acompanhar as mudanças ao nosso redor é tão importante quanto ter a capacidade de se adaptar aos diferentes cenários que a tecnologia e os modelos de negócio disruptivos nos apresentam diariamente. Para os profissionais de TI, falar sobre dinamismo e flexibilidade está – quase sempre – relacionado à ideia de entrega ao cliente. Mas pouco se discute sobre a forma de viabilizar os projetos. Como criar um plano de ação eficaz? Como atender às novas exigências de um cliente depois que o trabalho já começou? É possível mensurar mudanças e reorganizar o planejamento para uma entrega com qualidade?
A resposta a essas perguntas está no método e, por incrível que pareça, essa é uma discussão mais antiga do que se imagina. Em 2001, um grupo de renomados desenvolvedores de softwares apaixonados por tecnologia escreveu um manifesto para ajudar outros profissionais a trabalharem de maneira mais fluída com conceitos que já eram usados para desburocratizar o trabalho. Sem querer, a Metodologia Ágil, como foi batizada, influenciou outras áreas e hoje também é aplicada fora do universo da computação.
Isso porque ela possui quatro valores que priorizam a interação interpessoal ao invés dos processos, estimulam a prática e não apenas a documentação, sugerem a colaboração do cliente e respostas mais rápidas diante das mudanças. Parece simples – e foi exatamente essa a intenção dos idealizadores – porém, é necessário entender que os princípios que regem esse método só podem ser alcançados com treino e aprendizado constantes.
Um dos pontos cruciais dessa mudança está na forma de criar um planejamento. No lugar do modelo tradicional onde o cliente tem pouco envolvimento e a entrega é realizada ao final do projeto, a Metodologia Ágil sugere fracionar as entregas em etapas de menor duração para estimular a participação do cliente e garantir a customização do trabalho final. Dessa forma, os riscos de mudanças drásticas interferirem no planejamento diminui, já que o trabalho é flexível e pode ser alterado após cada entrega.
E se você ainda está em dúvida sobre a importância de ser mais ágil na tomada de decisões, basta lembrar o que aconteceu com a Nokia e a Apple, em meados de 2006. A Nokia, que valia mais de 140 bilhões de dólares, tomou a decisão de adquirir uma empresa que produzia e instalava sensores nas estradas que permitiam aos mapas da Nokia mapear o trânsito e avaliar rotas mais rápidas. Porém, o que a companhia não previa é que no ano seguinte a inovadora Apple lançaria o primeiro iPhone. O aparelho revolucionou o mercado através da “App Store”, uma loja virtual que permitia baixar aplicativos de diversos desenvolvedores, como navegadores GPS, por exemplo, fazendo com que cada celular fosse customizado. Moral da história, em 2012, a Nokia foi avaliada em 8,2 bilhões de dólares enquanto a Apple continua a crescer.
Ser visionário e corajoso é mais competitivo do que manter uma gestão linear que não dá espaço para a inovação. Hoje utilizamos um termo que me lembra ‘muvuca’ e de fato seu significado se aproxima da expressão popular. Vivemos em um mundo que é VUCA ou, como a sigla do inglês sugere: é volátil, incerto, complexo e ambíguo. Portanto, somente desenvolvendo visão, entendimento, clareza e agilidade diante de situações adversas conseguiremos garantir mais longevidade aos nossos negócios. E se até as máquinas aprendem, nós também não podemos parar.
*Luiz Resende é Scrum Master da Mandic Cloud Solutions.
Fonte: Revista Melhor Gestão de Pessoas. Edição Setembro de 2018.